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É indiscutível que a primeira parte, repartida e dividida, adensou a ideia de que o F. C. Porto ainda não consegue ser sempre impositivo, nem sequer sempre que o pretende. Seja contra o Bodo-Glimt ou frente ao Arouca, a vontade da equipa ainda esbarra no crescimento que não aconteceu, fruto das naturais hesitações de quem procura recriar a identidade. É um processo e é natural. Mais do que olhar os adversários, a equipa ainda tem que ver-se a si própria e ampliar a liberdade de movimentos que o dedo de Vítor Bruno veio trazer, sem que se descompense ou mostre fragilidades. Porque elas existem, nomeadamente quando muitas alterações ao onze não permitem sedimentar uma base. A entrada de Samu é suficientemente impactante para dispensar alterações como aquelas que foram promovidas na Noruega. O onze base era um desastre a pedir para acontecer.
Daí que a importância do jogo frente ao Arouca, algumas vezes uma “besta-amarela”, como no ano passado, fosse uma oportunidade para o reencontro que não poderia ser desperdiçada. Nas escolhas iniciais, Vasco Sousa assume o controlo de um raio de acção mais adiantado que não é exactamente o seu e, talvez por isso, raramente conseguiu pautar o jogo atacante como tantas vezes ataca os equilíbrios no meio campo. É contra o adversário em inferioridade numérica que a entrada de Deniz Gul acontece, dotando a equipa de soluções que propuseram o assalto ao que passara a ser uma muralha arouquesa. O regresso de Fábio Vieira, à laia de estreia em presença, é ainda uma promessa, mas aquela que seguramente pode trazer dimensão e largura ao jogo colectivo. Vitória incontestável, a fazer caminho.
O autor escreve segundo a antiga ortografia