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Praticamente metade do tempo de campanha eleitoral já passou e tenho sérias dúvidas que questões verdadeiramente importantes tenham sido, de facto, debatidas.
O caso Spinumviva ocupou grande parte do tempo dos candidatos, numa troca de acusações e de argumentos que se transformou em tempo perdido para os cidadãos. O PS escolheu essa bandeira para lutar contra o PSD e este limitou-se a gerir o combate. Resultado? Zero em termos de discussão política, opções de futuro, soluções para os problemas existentes.
Mesmo quando os vários debates e as ações de campanha chegaram a temas relevantes, veja-se o caso do Serviço Nacional de Saúde, a discussão ficou limitada a pormenores e poucas vezes chegou às questões de fundo. Trocar acusações sobre quem fechou mais urgências na zona de Lisboa não é relevante. O que interessa é saber como se pode criar um serviço funcional, com profissionais motivados e meios adequados. E poucas vezes os debates, sejam os frente a frente televisivos, sejam as trocas de argumentos em campanha, chegaram às verdadeiras questões.
O mesmo se poderia dizer da Educação ou da Economia, e mesmo a atual discussão sobre pensões versa mais sobre quem promete maiores aumentos e menos sobre estratégias de futuro para a sustentabilidade da Segurança Social.
E se esta quase pobreza de discussão é apontada às questões nacionais, temas europeus e internacionais estão praticamente ausentes do debate.
Em síntese, e apesar de ainda faltarem alguns dias, esta campanha foi pobre em discussão, excessiva em fogo de artifício e quase ausente em termos de futuro.