Refletir o caminho do PSD
Estando em fase final de preparação o arranque da nova legislatura com a maioria absoluta do PS, e aguardando-se com elevada expectativa a apresentação do novo Governo de António Costa, é pertinente olhar e refletir sobre o caminho do futuro do principal partido da Oposição, o Partido Social Democrata.
O PSD é muito importante para a democracia portuguesa e o percurso que vai fazer nos próximos quatro anos tem a normal importância da vida e tem de ter a extraordinária relevância de dar resposta profunda e cabal de esperança e de presença no futuro, no enquadramento político determinado pelas eleições legislativas de janeiro último.
Rui Rio assumiu na noite eleitoral a sua saída, aguardando-se a apresentação do calendário do processo visando a sua sucessão. Reitero a posição que já assumi publicamente de considerar que é muito importante para o futuro do PSD que a saída de Rui Rio da liderança tenha a honra que o próprio merece, com o cuidado necessário para que um novo ciclo de vida se abra no PSD após uma reflexão profunda e séria.
No quadro político que vivemos, o PSD tem de se reinventar, com a segurança de quem tem um património político notável e com a coragem de quem tem de fazer diferente para estar na linha da frente da construção de um Portugal melhor, que tenha disponível um partido alternativo para a liderança do Governo de Portugal verdadeiramente social-democrata, claramente colocado no centro/direita do espetro político nacional.
O PSD tem de revitalizar e evidenciar a sua filosofia reformista e humanista, e tem de ter a capacidade de liderar a Oposição ao Governo PS e de capitalizar em si a vontade de mudança que é preciso ajudar a desenvolver e a estruturar a cada dia do futuro, com uma perspetiva de vida de quatro anos e meio, cuidando dos desafios que estão definidos nesse caminho ao nível das eleições ao Parlamento Europeu em 2024, das autárquicas de 2025 e das presidenciais de 2026.
O PSD está em tempo de reflexão que se quer consequente e determinado na construção de um futuro com coragem e inovação, focado em resultados que o capacitem para um trabalho árduo e aliciante de Oposição e de construção de alternativa para a governação do país.
A perspetiva base que tenho para o PSD assume a necessidade de uma profunda remodelação organizacional e estrutural, de uma reforma da sua mensagem política, imagem e estratégia de comunicação, que seguramente tem de ser protagonizada por gente diferente da que enche as disputas do PSD há vários anos, utilizando na sua intervenção política os seus autarcas municipais e de freguesia, os dirigentes das regiões autónomas dos Açores e da Madeira e os seus deputados à Assembleia da República, os seus militantes e simpatizantes que se motivem e congreguem numa fundada e nova esperança para o futuro do PSD.
*Presidente da Câmara de Aveiro
