Reflexões sobre os quadros competitivos no futebol

Há um mês, no Portugal Football Summit, tive a oportunidade de ouvir Pieter Nieuwenhuis, fundador e CEO da Hypercube, consultora neerlandesa especializada na área dos quadros competitivos. O consultor abordou o momento complexo que o futebol atravessa, destacando a crescente pressão para atrair adeptos e patrocinadores num mercado saturado de opções de entretenimento. A seu ver, o futebol está a ser forçado a reinventar-se.

No caso de Portugal, o futebol não apenas compete com outras ligas europeias, mas também com diversas ofertas culturais. Com a recente reformulação das competições europeias e aumento das receitas, a importância do ranking UEFA tornou-se ainda mais evidente, gerando uma pressão adicional sobre as ligas domésticas.

Uma das principais conclusões de Nieuwenhuis é que os campeonatos nacionais têm de manter elevados níveis de atratividade para os adeptos. Isso passa por promover jogos mais empolgantes, proteger os jogadores que competem nas competições europeias e, ao mesmo tempo, aumentar a competitividade das equipas restantes, permitindo-lhes ascender no ranking da UEFA.

Para o consultor, o grande desafio para o futebol português reside na valorização do campeonato, especialmente nas posições abaixo dos lugares de qualificação europeia. É fundamental que o campeonato mantenha o interesse e a motivação das equipas, de modo a garantir que todas lutem por algo até ao final da temporada.

Este é um equilíbrio difícil de alcançar, mas que se tornou uma necessidade imperiosa. O futebol precisa de se adaptar às novas realidades, ou corre o risco de perder apelo junto do público e dos investidores. A previsibilidade é um dos maiores inimigos da atratividade.

Refletir sobre os quadros competitivos tornou-se, assim, uma questão urgente. Este é o momento certo para repensar o figurino existente e avançar com mudanças significativas. A Federação Portuguesa de Futebol, sob a liderança de Pedro Proença, tem demonstrado abertura para um diálogo construtivo, o que oferece uma oportunidade única para uma discussão profunda e eficaz sobre o futuro do futebol em Portugal.