Reformar com responsabilidade
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A reforma do Estado anunciada pelo Governo traz sinais positivos de simplificação e eficiência. No Ensino Superior, a criação do Instituto do Ensino Superior, juntando a Direção-Geral do Ensino Superior e a Agência Erasmus+, pode melhorar a coordenação, mas exige garantias claras na ação social e na mobilidade internacional, sem comprometer a equidade e a continuidade dos programas.
Na ciência, a fusão da FCT com a Agência Nacional de Inovação (ANI) para formar a nova Agência para a Investigação e Inovação pode reforçar a ligação entre investigação e economia.
Contudo, é vital preservar a especialização: a FCT apoiava a investigação fundamental, a ANI focava-se na inovação tecnológica e na ligação ao tecido empresarial. O sucesso dependerá da articulação inteligente destas missões, assegurando continuidade nos financiamentos, valorizando também as ciências sociais e humanas, frequentemente mais vulneráveis a visões tecnocráticas.
A FCT tem falhado em responder às necessidades do sistema científico, com atrasos, falta de estratégia e uma cultura institucional desalinhada. Um exemplo simbólico é o facto de todos os seus funcionários poderem estar em regime de teletrabalho permanente. A nova agência deve romper com a ineficiência e criar um modelo de financiamento orientado para o impacto, capaz de transformar conhecimento em inovação real e competitiva.
Mas as reformas devem ir além de mudanças administrativas: precisam de rigor e compromisso com o futuro. Só assim a coragem de mudar se traduzirá em progresso e num país mais competitivo e justo.