Procurar palco a todo o custo, desamarrados, tantas vezes sem um pingo de amor-próprio, apenas e sempre subjugados ao incontido desejo de aparecer para serem falados. Vistos, comentados, partilhados.
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Na imensa vacuidade que é o mundo dos cor-de-rosa, há viagens às profundezas de almas bronzeadas que preferíamos não fazer. Mas os "famosos", entidade abstrata que se diluiu progressivamente até à fase atual da ausência de limites, investem como gado bravio contra as tábuas. Quanto pior, melhor. Por mais que, numa retorcida fatalidade, apenas nos dê vontade de rir da tragédia. A roupa suja que se lava no café não tem menos nódoas do que a que se esfrega à mão em programas televisivos de horário nobre. Nobre. Passa-se o lustro à intimidade e agitam-se as consciências com traumas. Quem quer espreitar para o coração de A, B ou C? Escancaremos, pois, o músculo diante da nação. Humanizar pessoas de plástico não as torna, porém, menos tóxicas, tontas ou solitárias. O regaço do público alimenta, mas também vicia.
Jornalista