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Escrevo hoje sobre uma atividade económica, muito dinâmica, que movimenta paixões e milhões, que ainda não tinha podido abordar nesta coluna: o futebol.
Trata-se de uma indústria que está, em meu entender, a tentar reinventar-se e a procurar ultrapassar alguns graves problemas que lhe surgiram com a falência do BES e o colapso da PT - os principais sponsors, até há um ano, de uma actividade com enorme dificuldade em captar e fidelizar patrocinadores.
Por parte do Benfica, por exemplo, assistimos hoje à procura e concretização de contratos publicitários com empresas até agora praticamente inacessíveis ou indiferentes à nossa realidade, como a Emirates. Já o F. C. Porto apressou-se esta semana a contratar aquele que é o mais titulado jogador em atividade, pois acha que, para além do inegável valor futebolístico, Iker Casillas terá a capacidade de atrair marcas internacionais, como a Samsung, e projetará a sua imagem, alavancando os seus orçamentos.
O futebol joga-se cada vez mais fora do recinto de jogo e extravasa a emoção clubística. Em Portugal, tem havido por parte da generalidade dos clubes, exponenciada pelos três grandes, uma enorme capacidade exportadora de valores, nacionais e estrangeiros, que lançam as suas carreiras na nossa Liga e vão depois jogar para campeonatos mais atrativos do ponto de vista financeiro.
O futebol, como qualquer outra indústria portuguesa, dos têxteis ao calçado, tem de investir na especialização e no alto valor acrescentado dos seus "produtos" e apostar sempre na exportação. Se a isso aliar uma política orçamental responsável, então teremos uma indústria rentável, mas sobretudo viável. Este é o grande desafio: encontrar viabilidade através da procura de formas alternativas de financiamento, mantendo orçamentos realistas e equilibrados. Sabemos que o nosso mercado, não sendo grande, tem sido capaz de trabalhar as "matérias-primas" com grande sucesso e exportar com grande retorno.
Competimos anualmente com grandes potências europeias e as equipas portuguesas têm alcançado bons resultados, tendo em conta a disparidade orçamental com que nos batemos. O sucesso recente da Selecção de Sub-21 leva-nos a pensar que temos motivos para acreditar que a indústria-futebol terá um futuro risonho, bastando que os seus protagonistas entendam que os patrocinadores gostam de apostar em setores credíveis, que transmitam bons valores às suas marcas e que mantenham sempre os pés assentes no chão no que à gestão diz respeito. Assim, acho que são de aplaudir notícias como a contratação de grandes valores como Iker Casillas!
PRESIDENTE ASSOCIAÇÃO COMERCIAL DO PORTO