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Cidadão portuense, da freguesia da Vitória, apresento algumas reivindicações ao presidente eleito da Ilustríssima CMP. Para iniciar, cito Pinheiro Chagas (1897): "Em Lisboa fala-se muito, prega-se, exorta-se, não se faz nada ou fazem-se "meetings". O Porto é sossegado, quieto, pensador e, quando resolve fazer qualquer coisa, leva-a a cabo."
Posto isto, começo pelo cancro que polui e degrada o sentido vital do nosso território urbano: a VCI. Proponho a declaração de guerra contra ela e a exigência ao Terreiro do Paço do apoio à sua reconversão, conforme o Plano elaborado pela U.P. Não há álibis. Outro cancro: a Circunvalação. Para ele existe um projecto da CMP. Execute-se. E colocarei a habitação a rendas acessíveis em lugar cimeiro. Para isso, ocupem-se quartéis, manutenções militares, edifícios e espaços inúteis e avancem projectos de construção das centenas de fogos que neles cabem (o de Serpa Pinto está pronto, há anos, à espera).
Afirmei que não há turismo a mais, mas Porto a menos. Significava receber visitantes em todo o território do burgo e não concentrá-los na Ribeira. Não é o turismo que prestigia o Porto, mas o contrário e chega de subordinar os interesses da população às ânsias do mercado. Passo numa rua reabilitada e a minha preocupação é saber se está habitada ou subordinada ao turismo. Se assim for, não serve. Atraiam-se milhões para a economia tripeira, mas imponham-se duras políticas para as casas vazias ou abandonadas. O liberalismo portuense tem a ver com as liberdades políticas e a defesa do bem comum e não o cada um fazer o que lhe apetece.
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)