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Não deviam ser necessárias a comunicação social, as indignações de sofá no Facebook, as reuniões de comissões nacionais várias ou as declarações das luminárias do pensamento (lol) político nacional que por aí proliferam.
Perante um acontecimento desta magnitude e alcance, seria de esperar que todas as instituições responsáveis e responsabilizáveis se atropelassem para organizar a investigação e obter respostas. E, nem que fosse por vergonha, garantirem publicamente que são parte interessada, que é essencial que todos se entendam e entendam que, mais importante do que tudo, do que todas as pequenas diferenças e as mais estéreis disputas, que para além do interesse de cada um dos departamentos, secções, institutos, secretarias ou ministérios, que independentemente dos chefes, comandantes, líderes ou ministros de ocasião, quer estejam no Governo ou agora na Oposição, é que todos estejam unidos à volta de um único objetivo: saber o que aconteceu e como aconteceu, para que não volte a acontecer. Uma vez tudo apurado, decidir depois sobre as consequências, de forma a separar o trigo do joio. Refiro-me, claro, à tragédia em Pedrógão Grande. Ou ao roubo de armas em Tancos.
Mas nada disso está a acontecer, antes pelo contrário. Está a decorrer antes uma competição pública de autolavagem e chamuscagem alheia, numa demonstração pouco surpreendente de cobardia política e de falta de memória. É o salve-se quem puder que habitualmente caracteriza os boys encostados a jobs e os partidos que nos imaginam estúpidos.
Exercer funções públicas, nestes dias que correm tristes, é o mesmo que praticar relações públicas. Qualquer instituto menor tem assessorias e consultores, todos industriados no mantra indispensável aos que vivem encostados ao Estado: parecer bem em público é mais fácil do que fazer pelo bem público.
* JORNALISTA