<p>No ano de todas as eleições, reafirmo que o país não pode perder a oportunidade de exigir um debate político sério sobre o futuro económico e social de Portugal. De facto, num momento em que se propõem diversas alternativas políticas para o futuro do país, além-fronteiras o Mundo não pára e, do continente asiático ao americano, passando pelo europeu, a preocupação em reagir de forma eficaz - isto é, aproveitando para relançar, a prazo, as economias nacionais - ao actual apuro provocado pela crise internacional, assume-se como uma prioridade. </p>
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Assim, e quando a Zona Euro conhece a primeira recessão económica desde a sua constituição, a OCDE revelou, recentemente, que o espaço europeu não terá uma retoma tão significativa como os EUA ou os países emergentes (como é o caso da China, que recentemente ultrapassou o volume de exportações da Alemanha, tornando-se o maior exportador mundial).
De facto, na actual conjuntura, a performance económica da Zona Euro revela-se muito distinta da dos EUA. Este facto explica-se por diferentes razões mas, desde logo, pela grandeza dos planos anti-crise, mais expressivos nos EUA (representando 5,6% do PIB) do que na Europa (representando, por exemplo, 0,7% em França ou 3,2% na Alemanha). Ou seja, sem um plano conjunto, na Europa as respostas anticrise e consequentes programas de relançamento das economias foram mais modestas.
Em Portugal, o plano anticrise já implementado - isto é, a Iniciativa para o Investimento e o Emprego que representa 0,8% do PIB em 2009 e as medidas anticíclicas implementadas em 2008, de 0,4% do PIB - que, no seu conjunto visaram a estabilização do mercado financeiro, a promoção de investimento público estruturante, o apoio às empresas e a sectores económicos e, ainda, o apoio ao emprego (criando emprego e protegendo os indivíduos e as famílias atingidos pelo desemprego), só foi possível, como é sabido, porque no período que antecedeu a crise o Governo promoveu reformas estruturais, designadamente na Segurança Social e na Administração Pública, que lhe permitiram controlar as finanças públicas. E, neste excepcional momento, em que por todo o mundo se procura - estrategicamente - reposicionar as economias, torna-se premente que, nestas eleições, se saiba responder (sem ambiguidades) ao ensejo de muitos portugueses: saber como será possível a Portugal avançar no sentido de relançar a economia e a criação de emprego, posicionando-se à frente neste novo ciclo económico, e reforçando o Estado Social e a competitividade do país.