Em catadupa, os acontecimentos das últimas semanas evidenciaram o maior receio: a actual crise - fruto do processo de globalização financeira que, desde a década de 1990, têm propiciado diversas crises no sistema bancário mundial, com consequentes repercussões na economia e no mercado de trabalho - teima em permanecer.
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E este ambiente económico é novo: ao desconcerto que, em 2008 e 2009, afectou os mercados financeiros e contagiou, a nível mundial, as economias reais (desencadeando um fortíssimo aumento do desemprego e da pobreza) juntam-se agora os "implacáveis" veredictos das agências internacionais de rating financeiro.
Mas, ao invés do que muitos esperavam, em termos de resposta internacional concertada a esta crise financeira (designadamente, a concepção e reforço das medidas que assegurem maior rigor e transparência nos processos de gestão financeira), eis que se assiste a um surpreendente ataque especulativo ao euro e às dívidas soberanas de quatro países: Portugal, Irlanda, Grécia, e Espanha, também por alguns designados pelo acintoso acrónimo "PIGS".
Assim, neste difícil momento, em que é por demais patente a necessidade de repensar o funcionamento da economia e do sistema financeiro internacional, que importa também reflectir sobre a noção de ética de responsabilidade social.
A centralidade das questões relativas à responsabilidade social denota também a evolução deste conceito, sendo hoje esta uma exigência cada vez mais assumida pelas organizações. Pugnar pelo aumento da transparência nos processos e decisões, pela melhoria de imagem das organizações, assim como apostar na formação e na qualificação das pessoas, numa política de igualdade de género, de qualidade das condições de trabalho, não esquecendo as questões da inclusão social, são matérias que diferenciam as organizações socialmente responsáveis.
Neste domínio, haverá, certamente, um longo caminho a percorrer mas - e considerando que o sentido da responsabilidade social não é, nem poderá ser, unívoco - importará salientar o papel decisivo que uma responsabilidade partilhada entre parceiros sociais (empregadores, sindicatos e Estado) pode ter hoje em prol da manutenção dos nobres objectivos do Estado social.