<p>No passado dia 24 de Junho de 2009 coloquei ao primeiro-ministro, na Assembleia da República, um conjunto de perguntas sobre a hipótese de compra de 30% da TVI pela PT. O objectivo era entender se o Governo tinha sido ouvido em relação a esta proposta, chamando a atenção para a existência de uma golden share do Estado, e de a Caixa Geral de Depósitos deter uma posição relevante na PT. A resposta que obtive foi "O Governo não dá orientações e não recebe nem recebeu qualquer tipo de informação sobre negócios que têm em conta perspectivas estratégicas da PT.". </p>
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Aquilo que hoje releva é, precisamente, saber se o primeiro-ministro cumpriu ou não o dever de falar verdade perante a Assembleia da República. Porque para além desta questão não se pode esquecer que o país vive uma situação económica difícil. Sobre esta matéria, a gestão do Governo e do PS tem sido dramática e obscura.
Este é o Governo cujo primeiro-ministro afirmava, em Novembro de 2009, esperar que os efeitos da recuperação económica tivessem efeitos no desemprego em 2010. Estamos em 2010. A situação está melhor? Não. O desemprego está a baixar? Não. A economia está a sair da crise? Infelizmente, não.
Este é também o Governo que, em Julho de 2009, mantinha uma previsão do défice de 5,9%, com o primeiro-ministro a afirmar que "está para nascer um primeiro-ministro que faça melhor no défice do que eu". Este é o PS que manteve em todas as campanhas eleitorais uma declaração de fidelidade à previsão do seu Governo. Já em Novembro, e apesar da profecia de controlo da despesa, o défice seria 8%, e apenas poderia cair nos 8,4%, caso o Orçamento Rectificativo não fosse aprovado. A aprovação lá apareceu, mas em Janeiro foi anunciado um valor histórico de 9,3%.
Como se pode ver é muito difícil aceitar e acreditar em muitas das afirmações que vão sendo feitas pelos socialistas que ainda nos (des)governam, seja no plano institucional, mas também no económico e no social. Perante isto, são necessárias respostas. E respostas claras, porque a gestão de expectativas não pode justificar tudo e, por mais que tentem, nunca esconde a realidade.