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A pergunta é: com que cara vamos nós celebrar o próximo dia 1 de Dezembro? É aniversário pouco simpático porque a recuperação da nossa independência tem sempre associada, na narrativa histórica, um estímulo ao rancor e à desconfiança do nosso vizinho continental.
Nessa data celebramos um movimento de luta anti-Castela de tal forma virulento que deu direito à criação das Cortes de Lamego de 1143 no século XVI!
Ora Castela está hoje em Madrid e a Catalunha, esse domínio que fez desviar as atenções Filipinas a nosso favor, quer igualmente reganhar a independência.
Em nome da memória histórica, todos os portugueses deveriam compreender e até apoiar o movimento autonómico. No entanto, o nosso presidente, em nosso nome, escolheu um partido e afirmou a plena solidariedade portuguesa à ideia da unidade de Espanha.
Não temos, portanto, grande cara para deitar foguetes na próxima sexta-feira.
Tenho de voltar ao Orçamento do Estado. Acompanhei com atenção o debate. E parece-me que, sendo verdade que os indicadores são bons e as contas relativamente satisfatórias, há uma reserva significativa que fica por fazer.
Refiro-me ao impacto económico em 2018 desta terrível seca que nos aflige.
Quanto custará a água, a luz, para as famílias e para as empresas?
Quanto baixarão as exportações de produtos agroalimentares? Vegetais, castanhas, azeite, vinho, fruta, etc...
Como ficarão os comerciantes de vestuário? As coleções de inverno pura e simplesmente não se vendem e não haverá saldos que as esgotem.
Como ficará o setor agropecuário que depende de pastagem?
Talvez me tenha escapado. Mas, na verdade, parece-me que o tema não faz parte das contas nem do discurso.
Por último a comunicação política. Refiro-me ao debate sobre os dois anos de Governo supervisionado pela Universidade de Aveiro.
Não percebo a gritaria. É legítimo o exercício de aproximação. É aconselhável que estes cidadãos sejam escolhidos por amostragem sob pena de não servirem para nada os resultados. É razoável que se compense quem tem a disponibilidade e o interesse para participar. E é absolutamente pacífico que a Universidade (neste caso a de Aveiro) garanta a credibilidade do exercício.
Temos é de conhecer os critérios, as pessoas, as perguntas, as respostas e as recomendações que suscitam. A prometida publicação deve resolver estas questões. Sem isso não é um evento inútil mas será inconsequente.
ANALISTA FINANCEIRA