
Como já desabafei relativamente aos cancros urbanos da Invicta, passo adiante contando uma história exemplar. Tem a ver com o seguinte: a cidade não pode estar sujeita aos interesses especulativos das forças económicas preponderantes.
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Neste caso, desde há pouco, as que representam as actividades turísticas. A elas devemos a reabilitação de ruas que metiam dó. Mas, como se dizia, "o que é demais é moléstia" e é altura de parar para pensar se queremos desenvolver um Porto para os portuenses e os outros, sejam viajantes, novos residentes ou imigrantes.
E conto a história da minha prima, cujo maior desejo era habitar no centro histórico. E conseguiu, arrendando um 5.º andar, reabilitado, no Largo de S. Domingos, onde viveu os últimos anos da sua não muito longa vida. Para estar junto dela, a filha arrendou outro andar, no mesmo prédio, onde vive e, possuindo automóvel para trabalhar, perguntei-lhe como o mantém, naquele território apetecido. Muito simples: a CMP concedeu-lhe uma avença de estacionamento a dois passos. Doutro modo, deixava S. Domingos.
Moral da história (ou conclusões a tirar): a) a reabilitação do centro histórico continua prioritária; b) o reabilitado deve destinar-se ao arrendamento para habitação e nem mais um andar para turismo legal ou clandestino; c) os moradores não serão obrigados a andar a pé, de bicicleta, patins ou trotineta mas a terem direito a automóvel, criando zonas de estacionamento para eles. Se queremos o centro histórico com gente dentro, tomemos um banho de pragmatismo, assumindo medidas eficazes para salvaguardar o futuro do Porto.

