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Infelizmente, por motivos menos positivos, S. Pedro do Sul - concelho onde tenho raízes familiares e anualmente passo parte das minhas férias - ocupou muito do importante espaço noticioso deste Verão. O maior incêndio do ano, e sequentes reacendimentos, mobilizou centenas de bombeiros de todo o país e teve como resultado uma morte e muita floresta queimada.
E se é verdade que - para lá da habitual bravura e generosidade dos bombeiros - neste Verão se pôde constatar uma maior eficácia no combate aos incêndios, quer por solo quer por meios aéreos, urge reconhecer que há ainda muito trabalho a fazer em matéria de prevenção.
A nível nacional, e segundo dados relativos ao final de Agosto, os inúmeros incêndios florestais consumiram este ano cerca de 106 mil hectares. Ora, não obstante o reforço operado nas equipas de prevenção de incêndios, em particular na Polícia Judiciária (PJ), o que se percebe é que, ao nível da intervenção nas florestas e matos, importa que - no âmbito de uma eficaz política de prevenção nacional - se planeie já aquilo que tem de ser feito no futuro.
Desde logo, convém considerar a relevância de converter um problema em potencial económico, através da possibilidade de ampliar a utilização de centrais de biomassa florestal, permitindo consumir massa lenhosa obtida através de um bom ordenamento da floresta. Depois, importará, articulando com as autarquias, repensar a reabilitação da figura dos guardas-florestais, criando emprego neste sector. Paralelamente, e sabendo-se que grande parte dos incêndios tem origem criminosa, interessará fortalecer a articulação conjunta de acção entre a PJ e a GNR no sentido preventivo. Por fim, depois da época dos incêndios, e no intuito de quebrar o ciclo já tradicional "refloresta, arde, refloresta, arde", convirá que se pense estrategicamente como reflorestar o território ardido, designadamente, e como sugeriu o ministro da Agricultura em S. Pedro do Sul, "não contrariando aquilo que é a natureza", ou seja, optando por uma floresta natural e espontânea.