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No ano passado, centenas de protestos em várias universidades de todo o Mundo reivindicaram o fim da carnificina em Gaza. Nessas mesmas semanas, ouvi, atónita, alguém na rádio questionar com um sarcasmo cheio de fel: “Acham mesmo que Benjamin Netanyahu vos está a ouvir, que vai parar a guerra por uns miúdos a brincar às barricadas?”.
A pergunta fez-me estremecer pelo desdém demonstrado por essa tal geração, de gente nova e boa, que sai do conforto do sofá e das redes para demonstrar na rua o seu repúdio para com a violência. Há algumas décadas, os horrores que aconteciam demoravam uma eternidade até chegarem ao conhecimento das pessoas. Hoje, estamos todos a ver crianças mortas em direto.
O relato da chefe de emergências da organização Médicos Sem Fronteiras desta semana é arrepiante. “A situação era muito tensa e os médicos da sala de emergência caíram e desmaiaram. Estavam a chorar devido à intensidade e à dificuldade da situação”, descreveu sobre os mais recentes ataques a Gaza. Os horrores de outras guerras demoraram por vezes anos até ser do conhecimento público, mas desta, como de outras que hoje existem, não podemos alegar ignorância.