Envelhecer não é uma novidade, mas saber envelhecer é uma coisa nova. O aumento da longevidade nos países desenvolvidos é uma boa notícia para muitos, mas não para todos. Não há bela sem senão.
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Envelhecer com saúde é uma dádiva que devemos agradecer, mas não sabermos envelhecer bem é um problema que devemos evitar. Saber sair a tempo de bem sair é uma arte que muitos "artistas" da nossa vida política, empresarial e desportiva cada vez praticam menos.
"Atrás de mim virá quem de mim bom fará" é uma expressão popular reveladora de um otimismo que pode ser irritante, como hoje se diz. Atrás de mim virá quem de mim bom fará... ou não.
Tenho para mim que, tanto em termos pessoais como profissionais, a nossa principal preocupação deve ser fazer bem o que decidimos ou nos propomos fazer. Sem cuidarmos de saber se antes fizeram melhor e sem nos incomodarmos se depois de nós fazem igual, menos bem, ou de um modo ainda mais perfeito e com melhores resultados.
Adoro a Rita Blanco, minha colega e amiga dos tempos da "Noite da má língua", que faz este ano com a SIC quase 30 anos. (O programa e a SIC, a Rita só mais alguns...). Faz também pouco mais de um ano que fomos desafiados a voltar ao espírito desse programa, agora em versão podcast. Mesmo sem podermos contar com o nosso MEC, julgo que temos sido um bom exemplo de um estilo que soube envelhecer bem. Ainda por cima modernizando-se no formato e mostrando-se capaz de atrair novos públicos, diferentes do público da saudade. Tanto quanto nos é dado saber, é isso que dizem também os resultados das audiências apuradas nestas novas formas de comunicação.
Como no melhor pano cai a nódoa, acho que a minha querida Rita, irreverente como sempre, achou por bem demonstrar no último episódio o que pode ser envelhecer mal. Com a graça habitual, foi extremamente desagradável com a minha não menos querida (mas de um querido muito mais recente) Joana Marques, criticando a sua atuação nos Globos de Ouro 2022. Para muitos passou a ideia de que a Rita julgaria que, se tivesse sido ela a escolhida para animar os Globos, a coisa teria corrido melhor. O que nunca saberemos......
Claro que a Rita estava no seu nonsense tradicional, mas só tenho de lhe agradecer o ensejo que me deu para poder expor aqui no JN o que penso sobre este tema. Sem ter de ser extremamente desagradável com outras pessoas que, estando a dar esse mesmo exemplo agora e todos os dias (e sendo alguns deles pessoas que também muito admiro), nunca seriam capazes de continuar minhas amigas depois de eu dizer delas o que disse da Rita.
Falta dizer que a Rita Blanco não ter ganho o Globo para melhor atriz de teatro para que estava nomeada também foi extremamente desagradável. E, em abono da verdade, extremamente injusto.
*Empresário