Chateaubriand tem um pensamento recorrente muito utilizado. Diz ele que, se é horrível envelhecer num mundo que se conhece, muito pior é envelhecer num que não se conhece.
Corpo do artigo
Conheço o mundo, e o universo progressista, em que o académico de Coimbra Boaventura de Sousa Santos fez carreira. Era, até há dias, o santo padroeiro de uma sociologia mundialista e revolucionária, um autêntico profeta de uma espécie de teologia profana da libertação, apesar do sucesso editorial nos Estados Unidos. Por cá, Boaventura arrimava a tudo o que não fosse de Esquerda, e da bem extrema (julgo que é militante do Bloco), por todo o lado, especialmente nessa nova "Trombeta do Apocalipse" em que tornaram o jornal "Público". No homónimo espanhol, já foi "cancelado". Era invariavelmente nome cimeiro nos "manifestos" do radicalismo, o seu teólogo moral, juntamente com muitos outros que passaram a repudiá-lo em instantes. Boaventura sempre se me representou como a personificação de tudo o que detesto na cultura portuguesa e que o seu irremediável provincianismo "cosmopolita" exporta. As "áreas de investigação" de Boaventura, e das e dos epígonos no Centro de Estudos Sociais de Coimbra, não me interessam nada. Se dúvidas tivesse, as reacções histéricas a um "paper" de três senhoras - que deu azo a que no outro jornal deste grupo alguém tivesse aboborado um enorme pastelão sobre (finalmente, alvíssaras!) a chegada gloriosa do movimento "Me Too" à parvónia -, acabaram com elas. Como digo, em horas e dias Boaventura foi destruído e triturado praticamente pelas mesmas e pelos mesmos que fizeram dele um guru afinal de calça curta. Por acção e por omissão. Aquelas e aqueles que andaram para aí ridiculamente a pintar as beiças de vermelho (Boaventura incluído) por causa dos abusos sexuais e morais, ou nem piaram (os e as Blocas) ou foram a correr pôr um nome em um "manifesto" não menos patético onde se apela ao pior do ser humano: a denúncia anónima e retroactiva, acompanhada da fatal "comissão independente". E não "endógena", palavra de honra. Deram a esta anulação moral, pessoal e académica destas pessoas (um outro investigador mais novo encontra-se igualmente sob suspeita) o nome de "Todas Sabemos". Nem repararam que, se "todas sabiam", deverão comparecer diante da justiça (não esta papagaia, "popular" e mimética que só repugna) para provar as alegações. Camille Paglia recomendou em tempos que era preciso libertar o feminismo das, e dos, feministas. No fundo, do materialismo burguês e grosseiro que representam, pois a maioria nem mundo ou vida têm. Da América a Coimbra ou Lisboa, este é um mundo delas e deles que não estou interessado em conhecer.
Jurista