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Não sei o que é pior, se a necessidade de injetar cinco mil milhões de euros na Caixa, se o ar sereno e triunfante com que a aplicação de mais este castigo aos contribuintes foi anunciado, se a descarada reação de Passos Coelho, ou se a falta de vontade, notada em todos esses homens do regime, de explicar como é que a CGD chegou a esta situação. Ouve-se cada um deles e até parece que tudo isto é normal, como se tratasse de cinco euros, ou como se o dinheiro de todos fosse apenas de alguns. Como se a responsabilidade não fosse deles. Houve até, no PS, quem dissesse o impensável: que o acordo com Bruxelas sobre a CGD era "uma grande conquista".
Entende-se que haja a ânsia de querer disfarçar de boas as más notícias, até porque é da natureza dos políticos. Mas impunha-se algum pudor, mesmo que nos garantam que havia outras soluções piores e que, se não fosse assim, tudo iria ruir. Não era afinal essa a estratégia da coligação PSD-CDS, o "ou é isto ou o caos"?
Por muito que digam, uns e outros, não vejo como se podem escapar à realidade. Que a CGD até pode ser um banco de nós todos, mas foi gerida por demasiados e seguindo os interesses de alguns, muitos deles inconfessáveis. E depois, que isto é um claro falhanço do regime. Afinal a gestão pública da Banca foi tão má como a pior privada.
Não sei o que é pior. Sei é que é tudo bastante mau. Esse dinheiro até pode nem entrar no défice, mas vai de certeza sair-nos do bolso.
JORNALISTA