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Têm-se multiplicado as notícias a dar conta do paulatino aumento das queixas de cidadãos relativamente ao ruído. Mas nenhuma delas refere o mais absurdo de todos os ruídos: o dos escapes alterados ou sem silenciador de muitos motociclos. Além de ser uma infração sujeita a coima, a alteração dos escapes é uma profunda falta de respeito pelos concidadãos, que encontra apenas uma justificação: a mostra saloia de uma falsa superioridade (à falta de melhor...). A alteração das regras, imposta a nível europeu, vai acabar com silenciadores removíveis e obrigar escapes que não são de origem a uma homologação criteriosa. Associadas ao desrespeito, as coimas. A Federação Europeia de Associações de Motociclistas lamenta as penalizações, alega que não resolvem o problema na origem e apela a campanhas de sensibilização. Ora, sabemos da consciência cívica de quem gosta de atravessar o silêncio das cidades a altas horas da madrugada com escapes alterados, em hordas, porque a superioridade não vem associada à capacidade de exibi-la em solitário. E sabemos também da crónica falha de fiscalização em Portugal. Resta-nos sonhar com um castigo divino: enfiar os prevaricadores em salas hermeticamente fechadas a curtir os seus decibéis até perderem o pouco juízo que lhes resta.