Criado em 1950 pela Organização Mundial de Saúde (OMS), o Dia Mundial da Saúde tem como objetivo alertar para a importância dos cuidados de saúde, bem como consciencializar que a saúde é um direito básico e fundamental para qualquer ser humano.
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Este ano, a OMS propôs o lema "Saúde para Todos", que a mim, particularmente, faz-me cada vez mais sentido dentro da conjuntura mundial que se tem vivido nos últimos anos.
Na Europa, designadamente através da Convenção Europeia dos Direitos Humanos o direito à saúde é um tema inabalável de proteção humana e, em Portugal, no artigo 64.o da Constituição da República Portuguesa cumpre-se esta narrativa de que "todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover".
Estamos a um dia de assinalar esta data e as perguntas impõem-se: estaremos, efetivamente, a proteger o direito à saúde de todos? No que diz respeito ao direito à alimentação, e que inevitavelmente se encontra ligado à saúde dos cidadãos, estaremos a garantir o direito de acesso regular a uma alimentação suficiente, aceitável e adequada?
Objetivamente parece-me que não. Estaremos certamente a caminhar para um lugar melhor, mas haverá ainda muito a fazer. Já todos sabemos que a pandemia, a guerra na Europa e a inflação dos últimos meses são fatores suficientes para abalar a premissa de uma alimentação adequada para todos que, como consequência, fará aumentar as doenças e afeta o bem-estar físico e emocional das populações. Diria assim que se torna emergente olharmos para a saúde como um conceito que se aplica quando ainda não existe doença, com a prevenção da doença e com a promoção da saúde.
E é aqui que surge a importância major da nutrição: como uma salvaguarda de prevenir a doença e de promover a saúde.
Importa relembrar que a OMS estima que, a cada ano, mais de 13 milhões de mortes no Mundo se devem a causas que se poderiam evitar, onde se inserem os maus hábitos alimentares. E em Portugal, cerca de um terço de todas as mortes podem ser atribuídas a fatores de risco comportamentais, nomeadamente ao tabagismo, aos riscos alimentares, ao consumo de álcool e ao baixo nível de exercício físico. Mas, Portugal continua a gastar menos do que muitos outros países europeus em prevenção (41 euros per capita, ou 2 % do total das despesas de saúde, em comparação com 3 % na União Europeia). Assim, parece-me mais do que evidente que é urgente olhar para a nutrição, em Portugal, e em qualquer parte do Mundo, enquanto garantia de uma população cada vez mais saudável.
De uma coisa tenho a certeza: aos nutricionistas caberá sempre a função de apoiar os cidadãos (em qualquer fase), na saúde ou na doença.
*Bastonária da Ordem dos Nutricionistas