Acumulam-se as evidências de que o novo coronavírus tem um efeito provavelmente mais pernicioso do que as potenciais consequências físicas da covid-19.
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O clima de atemorização e a sustentação continuada de que existe uma ameaça pública, latente e fatal, estão a afetar a saúde mental de demasiadas pessoas.
Não nego que vivemos tempos sem precedentes, nem defendo que a covid-19 é uma doença inofensiva; mas não alinho na tese de que é preciso viver em desassossego permanente, longe de todos e com receio de tudo, como se o fim estivesse perto.
A incerteza constante corrói a perceção de futuro e é preciso que o Estado saiba que só quem nunca sentiu medo do dia seguinte é que ignora o poder devastador, muitas vezes imparável e imprevisível, da inquietação.
É essencial investir na serenidade pública e no apoio individual a crianças, jovens, adultos e idosos. Não há ninguém que não esteja em risco de soçobrar ao sufoco mental do exagero diário de um perigo relativamente pequeno. Se a covid pode ser grave para uns, a ansiedade crava as garras em toda a gente. E é bem mais fácil e súbito do que se imagina.
Jornalista