Corpo do artigo
O nosso Governo tem uma estranha noção de equidade. Ansioso por mostrar à troika que ainda há por onde sacar mais uns cobres, decidiu propor a introdução de mais portagens em várias autoestradas. O documento só tem versão em inglês e é "confidencial", mas já se sabe que os especialistas do Ministério da Economia decidiram que, entre os 16 novos locais de cobrança, 14 serão no Norte - os outros dois serão algures entre Cascais e Sintra. Leu bem, são 14 no Norte (entre Aveiro e Viana do Castelo) e dois nos su-búrbios de Lisboa.
Nada que espante, na verdade. Já tinham sido as antigas scut do Norte as primeiras a serem portajadas. Ou, dito de outra maneira, já tinham sido as populações e os empresários do Norte os primeiros a servir de exemplo quando se percebeu que as parcerias público-privadas eram um buraco que alguém tinha de pagar. Foi preciso esperar mais de um ano para que se aplicasse, ao resto do país, a regra do come e cala que já castigava os nortenhos.
Mas o Governo não ficou saciado. Nunca fica. E os homens do ministro Álvaro esquadrinharam o Norte à procura de uns quilometrozitos onde ainda se circulasse à borla. A fava calhou ao Alto Minho, uma das regiões mais deprimidas do país. Porque se é para pagar, pois que paguem os mais pobres. Chama-se a isto equidade, em versão centralista.