Sé: terreno fértil para a marginalidade
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Não são novas as notícias que dão conta do regresso do tráfico de droga à Sé do Porto. Na verdade, ele nunca se extinguiu totalmente, mas devido às operações na Pasteleira boa parte da operação transferiu-se para as ruas da Baixa do Porto, cujas características tornam mais difícil o acesso e a vigilância das forças de segurança.
Desta forma, voltaram em força as imagens decadentes do consumo a céu aberto nas vielas e pracetas do Centro Histórico, que, apesar da nostalgia que subsiste em certos setores da opinião pública, não parece deixar grandes saudades a quem conheceu a realidade da “velha Sé” dos anos 90. Por muita compreensão e humanismo que exista nestas matérias, ninguém quer estar ou viver perto deste nível de degradação.
Este retrocesso é especialmente preocupante, com queixas reiteradas, até de representantes autárquicos, em relação à falta de policiamento na Baixa. Se somarmos a estes fatores o previsível arrefecimento do mercado imobiliário, com o fim dos incentivos à conversão das habitações em alojamentos locais e à reabilitação dos prédios mais antigos, então podemos ter terreno fértil para a delinquência prosperar naquela zona.
De pouco adianta agitar o espantalho do turismo, como causa de todos os males das grandes cidades, quando se relativizam estes fenómenos e não se defende a aplicação da lei e a defesa da ordem pública. Nada é mais nocivo para a fixação das famílias e a vida normal em comunidade do que promover o crime, a formação de guetos e a violência gratuita. E a droga é o indutor certo para gerar esse ambiente.
Tem a palavra o Ministério da Administração Interna sobre este fenómeno, a quem compete fazer cumprir a lei e adequar os meios necessários à segurança das populações. E, em geral, a classe política que, muito recentemente, se permitiu aliviar a lei de despenalização do consumo de droga, esbatendo a fronteira entre consumidores e traficantes. Como se não fossem suficientes as imagens que nos entram pela casa dentro.