Quem não está bem, que se mude. Esse princípio reveste-se de particular gravidade quando é aplicado de forma massiva aos jovens. Sem eles, o futuro é negro, sobretudo quando estamos a falar de licenciados ou mestres que encontram mais aspetos atrativos no estrangeiro do que entreportas.
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Todos sabemos que os mais novos têm hoje muito mais facilidade na adaptação a ambientes diferentes, custando-lhes menos estar longe de casa, até porque uma "low-cost" qualquer aproxima o que aparentemente está longe. O problema não se prende com o conforto deste ou daquele jovem. Infelizmente, o mal recai sobre o país como um todo.
"Temos, cada vez mais, jovens talentosos que procuram sucesso lá fora, e isso não beneficia o nosso país porque gastamos dezenas de milhares de euros na sua formação para eles depois irem para Alemanha, para o Japão ou para os Estados Unidos", alertou, há poucos dias, Luís Carvalho, vice-presidente da Farfetch, um dos poucos unicórnios portugueses.
A montante da problemática em torno de segurar os "cérebros", deteta-se outro sinal vermelho. Quase 13 mil estudantes que se matricularam no Superior em 2018 já não estavam no sistema um ano depois. Se formarmos menos universitários, o problema agudiza-se. Ter mais jovens em estudos superiores significa que a prazo o país disporá de quadros qualificados para acrescentar valor a uma economia estagnada desde o início do século. O segredo está em acabar com a receita da mão de obra barata. Aquilo que os empregadores portugueses não pagam equivale a capital humano exportado de forma displicente.
O Governo não parece estar a leste do problema. As propostas apresentadas aos parceiros sociais no sentido de criar um salário mínimo para estagiários e de obrigar a compensar os jovens que estiveram em período experimental, sem direito a contrato no final, vão no sentido certo. Disciplinar o mercado contribui para criar um ambiente mais amigável, evitando a fuga de "cérebros".
Editor-executivo-adjunto