Já nos habituamos às loucuras que as pessoas fazem por uma selfie. Ao contrário de outras tendências das redes sociais, que rapidamente se diluem no tempo, em relação a esta, continua a valer tudo para esmagar nos likes. Já vimos pessoas morrer por uma foto. A insensatez chega a extremos que nos surpreende constantemente.
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Mas é cada vez mais preocupante quando os influenciadores digitais, seguidos por milhares, entendem que, por causa de uma série de televisão, o melhor cenário para mostrar a roupa da loja que os patrocina, o batom vermelho ou a boquinha sexy é o local onde ocorreu o pior acidente nuclear da História. Há até quem ache que Chernobyl é o sítio certo para selfies seminuas.
Neste concorrido mundo das redes sociais, que já conta com 20 milhões de influenciadores, não pode valer tudo para conquistar a popularidade. E, diga-se, existem marcas comerciais a incentivar, a apoiar e a patrocinar comportamentos que vão desde o vandalismo ao desrespeito pelos que sofreram e morreram.
Estes novos "opinion makers", a quem chamam influenciadores, e que, quer queiramos quer não, influenciam de facto adultos, adolescentes e crianças, olham para Chernobyl, e até para Auschwitz, como mais um palco, uma arena da vaidade e da futilidade do click fotográfico.
Se havia dúvidas de que se está a perder o bom senso e a razoabilidade nas redes sociais, as selfies de Chernobyl não deixam incertezas sobre a estupidificação humana moldada em forma de influenciador.
Por certo ninguém lhes explicou, talvez como se ensina a uma criança de cinco anos, que ali há "coisas que fazem mal à saúde", que "têm de respeitar a memória de todos" e sobretudo ser um exemplo para quem os segue e não apenas uma massa fútil sem valores e sem sensibilidade para perceber quando se vai longe demais.
*Diretor-adjunto