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Quando o sistema democrático não consegue dar resposta aos problemas das pessoas, os extremismos e os populismos ganham força, e o risco de mágoa e de conflito entre gerações torna-se real. A descrença nos decisores políticos tem fundamento.
Apesar do esforço europeu, o maior no contexto global de combate às alterações climáticas, os jovens sentem que as palavras não são honradas, roubando às novas gerações e às vindouras o direito ao futuro.
Todas as causas têm os seus meios para serem defendidas. Certamente que não será com destruição de património cultural, atos de vandalismo ou agressões a agentes políticos que resolveremos o problema, numa agenda anti-indústria ou mesmo tentando politizar uma preocupação que é geracional. Os fins não justificam os meios, quando estes são vazios de valor e de soluções.
Tenho para mim que estas ações terão repercussões mais negativas do que positivas, afastando as pessoas dos movimentos ambientais e levando ao aproveitamento dos extremos da esquerda e da direita.
Quando a crise climática fez correr muita tinta ao longo desta semana, há um caso de bravura que chega à Europa. A queixa de seis jovens portugueses junto do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, fazendo uso de mecanismos formais e legais, é exemplo a ser seguido na luta contra a inação dos países. Os Estados, e em particular o Estado português, são obrigados a enfrentar esta contestação e a assumir responsabilidades.
A luta contra as alterações climáticas é uma luta pela sobrevivência, que requer mais compromisso do que divergência, mais harmonia do que gritaria e mais solidariedade do que egoísmo.
* Presidente da Federação Académica do Porto