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A primeira vez de Samu quase o fazia sair em ombros, houvesse alguém que o conseguisse levar. O portento espanhol de 193 cm mostrou que não é pinheiro por compleição, nem é uma qualquer casualidade que o faz constar da lista dos mais promissores atacantes sub-23. A coroação aparece com um golo à matador e um conjunto de acções que mexeram com o jogo de uma forma indesmentível. Desde a primeira disputa de bola até ao primeiro passe, foi bem evidente como toda a equipa havia ganho uma referência e uma razão para acreditar, após hesitações e chances arremessadas à tarde de sonho do guarda-redes Ricardo Velho. E aos postes, por 4 vezes. Não foi um passeio. Uma tarde solarenga de domingo, a fazer lembrar os velhos tempos das Antas, ameaçava tornar-se bem amarga até um miúdo de 20 anos saltar do banco para dizer que é uma nova carta no baralho.
Depois de 15 dias a repisar o ferimento em Alvalade, o trabalho das selecções devolveu o F. C. Porto ao relvado do Dragão com a integração de reforços e mais sessões de trabalho colectivo. Uma bola ao poste nos primeiros minutos de jogo, instalava a ideia de que a vitória seria uma questão de tempo. Apesar das muitas oportunidades desperdiçadas, foi num lance já perdido que o F. C. Porto inaugurou o marcador, depois de um penalty indesmentível sobre Galeno, puxado pelo adversário no momento da rotação. Sem tempo para definir o novo tempo, um erro individual de Otávio empurra o Dragão para um conjunto de dúvidas que não merecia ter e adensou a ideia de que podia não ser uma tarde feliz para nenhum dos centrais da equipa (Nehuén fez a sua estreia, ainda hesitante e relegando Zé Pedro para o banco). O final feliz e merecido acontece. Mas as ilações são tão indesmentíveis como o azar.
*Adepto do F. C. Porto
(O autor escreve segundo a antiga ortografia)