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A Ordem dos Advogados já não surpreende com as propostas de bloqueio no acesso à profissão. Aliás, são vários os exemplos de ordens profissionais que condicionam o acesso e o exercício de profissões reguladas pela via da aplicação de exames, taxas e emolumentos onerosos, desde o momento da inscrição e independentemente da situação laboral.
Recentemente, 83% dos advogados estagiários chumbaram na prova de agregação para a Ordem dos Advogados. A inscrição e realização de nova prova custa 1500 euros.
A justificação apresentada pela Ordem relativamente à penalização das aulas à distância não pode fundamentar os resultados. É preciso garantir uma melhor articulação entre as ordens profissionais e as instituições de ensino superior. A qualidade das formações ministradas nas faculdades de Direito encontra-se avaliada por uma agência independente. O silêncio ensurdecedor das instituições de ensino põe em causa a qualidade da Educação Superior e deixa os jovens profissionais à sua sorte, na armadilha do corporativismo.
Com a razia nos exames da Ordem é claro que não está a decorrer uma transição justa e equilibrada entre a atribuição do diploma e o desempenho da profissão. Importa lembrar que o advogado estagiário tem de frequentar obrigatoriamente ações de formação temáticas. Ou seja, tem de frequentar mais aulas após a licenciatura em Direito.
São poucas as vozes que reclamam mais respeito pelas gerações jovens. É a vez dos jovens exigirem que as condições que lhes são impostas sejam, também, pedidas aos profissionais que já se encontram a exercer a profissão, numa lógica de atualização de conhecimentos. A taxa de reprovação traria, certamente, surpresas.
* Presidente da Federação Académica do Porto