Na entrevista à RTP, Sócrates garantiu que em 2011 não serão precisas mais medidas de austeridade; preparemo-nos pois, que o mais certo é vir a caminho o PEC IV! De facto, a confiança na palavra de Sócrates atingiu níveis tão baixos que o melhor é pensar no contrário do que o homem disser.
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Se, como fez crer, são necessários 2600 milhões do Fundo de Pensões da PT para cobrir as despesas "extraordinárias" dos submarinos e a insuficiente receita não fiscal, então é certo que estes são meros pretextos e ponta do iceberg de buracos que ainda falta descobrir.
Se, como disse, o Fundo de Pensões da PT não tem défices, então já se sabe que será a Segurança Social - a tal que, quando convém, "está falida " - a pagar os encargos de uma empresa privada para com os seus trabalhadores.
Se, como insistiu, o mais recente e brutal pacote de austeridade distribui os sacrifícios, então não haja dúvida que serão os de sempre - funcionários públicos, reformados, pequenos empresários, desempregados - a continuar a pagar a factura.
Se nos tenta enganar com um imposto sobre a Banca, perguntemo-nos por que é que esta é a única medida que não tem receita orçamentada, porque é que fala num imposto e o Governo escreve "contribuição", ou por que é que ninguém ainda lhe explicou que um depósito a prazo, ou um seguro em benefício da própria Banca (e a pagar, como disse o presidente da CGD, pelos clientes), não é um imposto.
Se na AR desmentiu Teixeira dos Santos e tentou enganar ainda mais os funcionários públicos, dizendo que o corte nos salários era só em 2011, ficámos todos com a certeza que a ideia é manter os cortes bem para além da crise.
Depois da RTP, Sócrates andou numa roda-viva. Nunca se sabe o que terá dito depois, nos outros canais. À cautela, pensemos sempre o contrário do que disser.