Corpo do artigo
Apesar das ausências de vulto, o F. C. Porto continua a dar todos os sinais de que não se adapta ao novo sistema táctico e que não o consegue vestir. Nem como uma segunda pele. Talvez pelos intérpretes, talvez pelo maestro, talvez pela ausência de um patrão ou de uma liderança forte, o que se viu em Braga foram camisolas azuis e brancas que desconheciam o sentido ou propósito do jogo, ao ponto de não terem sequer enquadrado um remate em toda a segunda parte. Algo inexplicável quando já perdiam desde os 17 minutos, num livre marcado por Ricardo Horta perante a total complacência de uma barreira malformada e inacreditável desconcentração. Não há um jogo em que o F. C. Porto não cometa erros de palmatória, ficando difícil ganhar onde quer que seja quando nem se tem, em contrapartida, poder de fogo para assinalar a troca. A equipa continua sem voz de comando.
Definitivamente afastado do título, este F. C. Porto olha para o Braga como rival do momento e terá muito que crescer para garantir o terceiro lugar. Apesar do regresso de Rodrigo Mora, Fábio Vieira e Pepê poderem trazer mais contundência e imprevisibilidade ao futebol portista, não nos iludamos. No passado recente, com todos eles envolvidos no processo colectivo, o que se viu foi mais do mesmo, sem uma jogada ligada, sem uma associação colectiva mínima, uma simulação de futebol de 11 em que cada um tenta resolver os problemas individuais para passar a tragédia de jogo para o companheiro do lado. Havendo algo a fazer, é agora. Exige-se liderança e uma convicção que não se vê.
*Adepto do F. C. Porto
**O autor escreve segundo a antiga ortografia