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A primeira vez que me lembro de ouvir falar em perdão fiscal foi em 2002. Manuela Ferreira Leite era a ministra das Finanças do Governo da "tanga" de Durão Barroso, o país estava em crise - alguma vez não esteve, este século? -, e decidiu, em nome do défice excessivo - alguma vez não houve défice excessivo, este século? -, anunciar um regime especial para regularização de dívidas ao Fisco e à Segurança Social, com o perdão dos juros. Portanto, quem não tinha pago impostos e pôs esse dinheiro a render, até poderá ter tido lucro. Depois, surgiu o Regime Excecional de Regularização Tributária. Este programa, que aconteceu em 2005, 2010 e 2015, permitiu legalizar dinheiro escondido fora do país, bastando para isso pagar simpáticas taxas entre 3,5% e 7,5%, e com confidencialidade garantida. Milhares de milhões ilegais pagaram menos de impostos do que os 984 euros de salário médio nacional. E agora temos mais um Governo a anunciar outro perdão de juros a quem não pagou o que devia. Enfim, haverá quem realmente necessite desta ajuda, mas é imoral que os outros, os que não quiseram pagar, tenham também este benefício. Vejam, eu também não queria, mas o Fisco a mim não me perdoa, todos os meses.
JORNALISTA