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É grave que ninguém saiba quando é que vão parar as faturas que alguma banca, por incompetente e má gestão, tem passado aos contribuintes portugueses. Não deixa de ser admirável a forma como o sistema financeiro montou a sua armadilha sobre as economias mundiais, pelo menos do ponto de vista da estratégia.
Repare-se: os bancos, os fundos de investimento e as demais firmas de crédito ganharam, ao longo de duas décadas, quantidades inimagináveis de dinheiro, à custa de manigâncias e esquemas (quase todos, por incrível que pareça, legais) para ajudar os ricos a fugir aos impostos e para afundar todos os outros em ilusões. E agora que a maré vazou e tudo o que sobrou foi lodo e aquele cheiro pestilento a mentira e fuga às responsabilidades, voltam a ganhar de novo, salvos pelo dinheiro de todos nós.
Agora é a CGD que necessita de quatro mil milhões de euros, depois de anos de escolhas duvidosas e de perdas que não preocuparam ninguém. Tudo perante o olhar sereno de todos os responsáveis, que, da Esquerda à Direita, se calam perante mais uma calamidade pública, que aliás ninguém ainda se deu ao trabalho de explicar. Mas assim é, neste deprimente regime, para os privilegiados que o conseguem dominar. Ao contrário do povo que os sustenta, começam sempre a ganhar e nunca acabam a perder.
*JORNALISTA