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O Governo decidiu elaborar um Plano Nacional de Emergência para a Saúde considerando o grave momento que o SNS vivia.
Entre outras situações graves não havia memória de um tão elevado número de doentes oncológicos em lista de espera. A primeira prioridade do Grupo Coordenador foi garantir que esses doentes recebessem tratamento rapidamente, tirando-os do corredor da morte em que tinham sido colocados. É inaceitável que pessoas que sofrem de cancros enfrentem atrasos que possam comprometer sua vida.
Elaborar o Plano Nacional de Emergência para a Saúde foi uma tarefa complexa e desafiadora. Foi necessário lidar com a escassez de recursos financeiros e com a resistência de diversos setores da sociedade, condicionados por agendas político-partidárias ou corporativas. Para garantir a eficácia deste plano foi fundamental investir na capacidade de diálogo e envolver 167 instituições do setor, cujos contributos foram depois compilados num documento que foi ganhando forma até atingir 209 páginas.
Estamos agora numa segunda fase - a fase da implementação.
Aqui chegados é importante dizer que só haverá sucesso se se cumprirem os dois pilares fundamentais deste plano: acesso equitativo à saúde para todos os doentes, e valorização dos profissionais.
Neste aparte convém referir que é importante fazer acontecer!
Sabendo-se que nesta altura será incomportável dar a todos o merecido aumento salarial, é justo reconhecer que médicos e enfermeiros trabalham arduamente para o bem de todos, e que se devem encontrar medidas incentivadoras que recompensem o seu esforço e sacrifício. Pessoalmente, e apenas nessa condição, entendo que seria um bom princípio ser legitimada a dupla contratação, terminando desta forma a situação indigna e ridícula da taxação em 50% das horas extraordinárias. Casos há, em que um profissional de saúde termina o seu horário de trabalho e não se sente motivado para fazer horas extraordinárias no seu próprio hospital, porque sabe que se trabalhar seis horas, apenas lhe serão remuneradas três.
Porque não permitir que permaneça a trabalhar no seu hospital através da sua empresa unipessoal? Porque não permitir que depois de um certo número de horas a taxação seja reduzida de 50% para 20%?
Basta querer e retirar as “pedras do caminho”!
Algumas destas pedras são uns quantos burocratas especializados em agigantar dificuldades, inventar barreiras legais motivados por interesses difíceis de decifrar. Estão instalados algures em ministérios estratégicos, onde não estão certamente para proteger e premiar quem trabalha. Estes burocratas, cuja verdadeira utilidade se desconhece, não querem que se compense justamente os dias e as noites de trabalho árduo de médicos, enfermeiros e outros profissionais, que lhes roubam o descanso e os afastam das suas famílias.
Convém não esquecer que um burocrata mal-intencionado pode causar um impacto devastador no sistema de saúde, prejudicando a confiança pública e a motivação dos profissionais.
Senhor primeiro - ministro livre-se deles, porque eles tudo vão fazer para se livrarem de si e do seu Governo!