Senhores candidatos: ideias para evitar um Porto insano e inabitável
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Limitado pela Circunvalação, o Porto só poderá crescer em altura e densidade, tornando-se um aglomerado de cimento insalubre, atentatório de saúde física e mental dos seus habitantes, onde viverão como galinhas num aviário. Há medidas simples, para um Porto mais humano:
1 - Plantação exaustiva de árvores em todos os recantos e locais possíveis.
É uma medida consensual, simples, de efeito rápido nas ondas de calor, acrescentando oxigénio e vida. No calor, tudo que é ser vivo procura desesperadamente as sombras. A mancha verde da cidade reduz-se velozmente, à medida que se destrói um dos pulmões da cidade: as centenas de pequenos jardins nas traseiras das casas tradicionais do Porto. As nossas ruas deixaram de ter o cheiro das estações do ano. O acréscimo da mortalidade nas vagas de calor é impressionante. Da janela, vejo cada vez menos árvores e hoje contei 17 guindastes. Quantos se destinarão à construção de habitações da Câmara com rendas acessíveis?
2 - Colocação de equipamentos públicos, cadeiras, bancos, quartos de banho, facilmente acessíveis. A sua inexistência desencoraja novos e velhos de passear e conviver no exterior, especialmente os mais frágeis.
3 - Preservação do património arquitetónico e humano
Classificação em todas as ruas de todas as casas típicas do Porto, do fim do século dezanove e início do século vinte: azulejos, almofadas de granito nas paredes ao longo da rua, caixilhos de granito em torno das portas e janelas e ferro forjado nas varandas (vejo imensos estrangeiros a fotografá-las). Reabilitem-nas em vez de destruírem o nosso património, não apenas nos centros históricos onde já não se vive, a não ser temporariamente turistas, mas sim em todos os locais em que este existe.
Para além da estética da cidade e da conservação de símbolos, também é fundamental para a sanidade mental o convívio nas associações de moradores e em pequenos agrupamentos desportivos. A Câmara deverá conceder facilidades para a sua criação e manutenção. Algumas das já existentes são pequenos espaços recreativos e de convívio, de cultura, de preservação do património e das raízes da zona, humanizando a vida.
4 - Controlar a abertura desenfreada de supermercados na cidade, asfixiando o pequeno comércio de rua ou bairro.
A falta de defesas contra o calor, a densidade brutal da construção, a perda de vida comunitária são profundamente insalubres para o corpo e para a mente e a perda de interesse turístico da cidade será inevitável.