Será desta?

Na Defesa, Catarina Sarmento e Castro tratará dos Recursos Humanos(?) e dos Antigos Combatentes.

Não é uma ideia absolutamente nova. Aliás, a última vez que foi tentada (em 2002) não teve grandes resultados, com a Associação Portuguesa dos Veteranos de Guerra a achar bem que a experiência não fosse repetida, já que uma direção-geral, diziam, tomava melhor conta do assunto.

Mas o assunto é muito sério e tem absoluta obrigação de garantir bons resultados.

Ainda hoje, 45 anos depois, não foi possível resolver o apoio condigno aos homens que, não tendo o estatuto de deficiente das Forças Armadas, sofrem de stress pós-traumático ou outro tipo de problemas psicológicos/psiquiátricos.

No último número publicado da Revista da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra pode ler-se: "(...) e os outros, estropiados por dentro, de forma invisível, mas consistente à mesma, e que, em processos morosíssimos, complexos e humilhantes, mendigam, a maior parte em vão, pelo reconhecimento de uma dignidade que lhes foi roubada no dia do regresso à metrópole".

Ora, a facilidade com que abandonamos milhares de portugueses no regresso de um conflito que os deixou ou fisicamente ou psicologicamente afetados faz de nós um povo especialmente ingrato.

Tratar com dignidade e apoiar sem qualquer rebuço todos os que viram a sua vida desfeita numa guerra que não quiseram e para a qual ninguém os preparou é o mínimo que podemos exigir de nós, através de quem politicamente nos representa.

Mas mais uma coisa importante lhes devemos, a todos os veteranos. Conhecer melhor a sua entrega, a sua experiência, a sua história.

Não podemos continuar a varrer para debaixo do tapete milhares de portugueses que não queremos ver porque a sua história nos incomoda.

A nova Secretaria de Estado deve tomar a seu cargo este esforço, garantindo cidadãos mais conscientes e seres humanos mais gratos. Menos do que isto será mais uma brincadeira.

Analista financeira