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Setembro era tempo de começar as aulas, o encontro com os colegas, o regresso às brincadeiras! Era tempo de ir à melhor papelaria da vila e comprar livremente tudo o que era preciso: canetas, cadernos, livros, marcadores, tudo! Penso que o único momento em que o meu pai não fazia contas.
Criava os horários e as agendas em papel com colagens e desenhos de autor. Encapava os livros com o cuidado aprimorado da vontade de recomeçar, mas, também, com o peso da responsabilidade.
Neste meu regresso à infância, surgem as cores das canetas e os cheiros das colheitas, ao mesmo tempo que a paisagem mudava de lugar, pelas patines das folhas que se tornavam amareladas. Uma delícia indiscutível, ou não fosse o outono a minha estação preferida.
Escolhia também a moda para a nova estação. A mãe recuperava roupas, que passavam das primas e irmãs mais velhas para as mais novas. Hoje, designamos este método por reciclagem, numa atitude de sustentabilidade.
Passados 50 anos, setembro ainda me cheira a início do ano!
Tento ajustar agendas, agora digitais, e inicio os projetos pessoais, da família e do trabalho como se fossem os desafios do ano. Crio objetivos e metas como no tempo da escola.
Desde criança que a organização me dá mais tranquilidade e domínio sobre os imprevistos. Só assim consegui, na adolescência, ser fundadora do jornal da terra, andar na banda filarmónica e no grupo coral, depois de 40 quilómetros diários de carreira para a escola.
Setembro é mesmo o primeiro mês do ano! Sinto-me leve, prometendo cumprir metas à procura dos mesmos sonhos de criança, sobre o pulsar de um mês cheio de dinâmica e com cheirinho a recomeço.
Bom início de ano!