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Todos os dias nos caem sondagens no colo, via imprensa. O que os portugueses pensam disto ou daquilo? Há dias, uma indicava que António Guterres seria o preferido pelos portugueses para presidente da República, seguido por Passos Coelho.
Estamos na chamada silly season - “expressão inglesa que designa o período do ano de menor intensidade informativa nos média, geralmente o período de verão. Pode ser traduzida por “estação ridícula”. Nesta altura, os critérios de seleção jornalísticos tornam-se mais flexíveis, passando a considerar como relevantes assuntos que, geralmente, não constituiriam objeto de notícia”. Infopédia - e esta sondagem é prelúdio disso mesmo: não há grande coisa a dizer e, normalmente, a divulgação de sondagens traz audiência. Assim sendo, vou também contribuir para ela.
Fazer uma pergunta, em julho de 2024, a alguém que não está a pensar em eleições presidenciais, o comum dos cidadãos, sobre em quem vai votar em janeiro de 2026, é algo tão relevante como esta: o que vai almoçar no dia 27 de setembro de 2025? “Bacalhau com natas”, responde a pessoa. Chegado ao dia 27 de setembro de 2025, o prato do dia é Carne de porco à alentejana ou pescada cozida com legumes.
De que valeu a pergunta? De nada! Neste momento, ninguém a não ser quem está inserido na bolha política pensa nas presidenciais; nem nas autárquicas, que são bem mais cedo e interferem muito mais com a vida das pessoas. 2024 é ano de bola, com o Europeu a encurtar a ponte entre uma época e outra e é bem mais interessante falar-se de Conceição no Benfica do que de Durão Barroso.
Além disso, perspetiva-se que as presidenciais de 2026 irão causar dores de cabeça à bolha mediática porque, no grupo de presidenciáveis capazes de ganhar as eleições, à Esquerda e à Direita, são todos altamente conhecidos. Ou seja, podem anunciar a sua candidatura numa fase bastante próxima da eleição.
Aleatoriamente: Rio, Portas, Guterres, Santos Silva, Durão Barroso, Marques Mendes, Passos Coelho. Quem não os conhece?! Acredito que, para os mais novos, expressões como “ganda noia”, “pântano” ou “cherne” não digam muito. Mas, genericamente, arrisco-me a dizer que nunca tivemos um grupo de pessoas mediaticamente tão próximas dos portugueses como este.
Quem arriscaria lançar-se cedo? O menos reconhecido e que quer marcar a agenda; há zumbidos no ar, mas ainda não passa disso.
Se eu tenho favorito? Claro que tenho! Mas o que me interessa dizer que quero almoçar ensopado de rodovalho, sem saber se o mar vai estar propício aos homens saírem para a faina?!