Sínodo revolucionário "à Francisco"

Sínodo, do grego "synodos", significa etimologicamente "caminhar em conjunto". Por vezes, os sínodos são convocados para confirmar as próprias convicções e continuar tudo na mesma. Não se acolhem as opiniões divergentes, as vozes incómodas e que desinstalam. Então não se caminha, fica-se só.

Não é assim com o Papa Francisco. Ele quer ouvir a todos, até mesmo aqueles que dele discordam. Na sua primeira Exortação Apostólica, a "Evangelii Gaudium" recomendou aos bispos que estimulem os organismos de participação e de diálogo pastoral, com a preocupação de "ouvir a todos, e não apenas alguns sempre prontos a lisonjeá-los" (EG, n.o 31).

O Papa tem também sabido acolher as preocupações dos padres sinodais e até traduzi-las em alterações na práxis da Igreja. Foi o que aconteceu com o acesso à comunhão dos divorciados que vivem uma nova união.

Para o próximo Sínodo dos Bispos, que vai refletir precisamente a sinodalidade na Igreja, o Papa introduziu novos procedimentos que estimulem a participação de todos. Até aqui, o Secretariado do Sínodo dos Bispos tinha a responsabilidade de produzir os documentos que lançavam a dinâmica sinodal e acolhiam as achegas vindas de todo o Mundo, para depois os bispos refletirem na assembleia sinodal.

Agora, o Papa quer que esses documentos sejam elaborados em cada diocese a partir das questões suscitadas pelos fiéis. Estas devem depois ser refletidas ao nível nacional e, a seguir, ao nível continental. Só então essas questões, suscitadas a partir das bases, poderão ser debatidas no Sínodo. O próximo, que terá como tema "Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão", estava agendado para 2022. Foi adiado para 2023, não só por causa da crise pandémica, mas também para poder envolver os contributos de todos.

Espera-se que os diversos níveis desta caminhada respeitem as preocupações e aspirações dos fiéis, não as adulterando ao longo do processo. Só isso fará justiça à dinâmica sinodal pretendida pelo Papa.

*Padre