Há uma música dos "The Beatles", feita de perguntas sobre o amor quando se chega aos 64 anos de idade. "Will you still need me/ will you still feed me/when I"m sixty-four?", diz o refrão que não vou traduzir porque perde a magia. Lembrei-me dela depois de uma conversa com um amigo, rapazinho dos seus 40 anos, sobre a vida na velhice, quando o amor entre um casal já não precisa de provas porque o estar juntos já é mais do que suficiente. Mas melhor do que isso é ter amigos para a vida, desses amigos que nos conhecem como as palmas das mãos e que nos têm amor ao ponto de pensarem em envelhecer connosco. E o Vítor tem-nos. Gaba-se disso. Tem razão para gabar-se. Quem é que não quer ter amigos que nos ajudam a encontrar, ainda longe dos 66 anos da reforma, uma casa onde caibamos todos, até ao fim do caminho? Eu quero. Vamos lá fazer um pé-de-meia com quem nos sabe a família escolhida contra a fatalidade de acabar num lar, entre idosos desconhecidos, a quem nunca perguntaremos "Will you still need me when I"m sixty-six?". Ninguém merece chegar a velho e ficar só.
* JORNALISTA
