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Muito em breve, o Serviço Nacional de Saúde (SNS) celebrará o seu 45.oº aniversário, um marco importante na História de Portugal. Criado sob a visão e liderança do ministro António Arnaut e do médico Mário Mendes, o SNS é um dos maiores legados da Revolução de Abril, assegurando o direito à saúde para todos os cidadãos. A propósito desta celebração, é fundamental reconhecer a contribuição essencial de Mário Mendes, que apesar das homenagens já realizadas merecia por parte da Ordem dos Médicos e das autoridades de saúde um muito maior reconhecimento pelo seu papel crucial na construção deste sistema.
O SNS é, sem dúvida, uma história de sucesso. Desde a sua criação em 1979, o serviço de saúde público português tem evoluído e adaptando-se constantemente às necessidades da população, enfrentando e superando desafios ao longo das décadas. Este sucesso deve-se, em grande parte, à sua capacidade de mudança e inovação. Em vez de permanecer cristalizado no tempo, o SNS soube reinventar-se e encontrar criativamente as melhores soluções para responder às exigências de um Mundo em constante transformação.
Ao longo destes 45 anos, o Mundo e a realidade social, política e económica mudaram profundamente, trazendo consigo novos problemas e desafios. Se o SNS tivesse permanecido imutável, tal como foi concebido inicialmente, hoje não serviria minimamente o seu propósito. O sistema de saúde português teve de se adaptar a novas realidades, como o envelhecimento da população, a evolução das doenças crónicas, e as crises económicas e sociais, mantendo sempre o seu compromisso com a universalidade, a equidade e a qualidade dos cuidados de saúde.
O SNS é um caso de sucesso que cresceu e amadureceu juntamente com o processo de democratização de Portugal. Assim como a democracia portuguesa, o SNS tem enfrentado e superado dificuldades, sempre em busca de soluções inovadoras e eficazes para continuar a servir a população. É um sistema que, tal como a nossa democracia, precisa de cuidados constantes, adaptações e, acima de tudo, respeito e sensibilidade.
Ambos, SNS e democracia, são bens sagrados para a nossa civilização e devem ser protegidos e valorizados. Neste sentido, é crucial que nem o SNS nem a democracia sejam utilizados como ferramentas ou armas de arremesso no calor da luta política. A sua defesa e aperfeiçoamento devem ser uma prioridade para todos, independentemente das ideologias e interesses partidários, garantindo que continuem a servir o seu propósito fundamental: o bem-estar de todos os cidadãos.