Enquanto se discutia, partilhava e comentava a transferência de João Félix para o Atlético de Madrid, outras imagens dividiam a atenção das redes: uma mostrava cães a puxar um trenó sobre a água e a outra um urso-polar, exausto e faminto, a caminhar nas ruas de uma cidade no Norte da Sibéria.
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O urso tinha os olhos lacrimejantes. Não via bem. Esteve deitado várias horas no chão. Percorreu centenas de quilómetros para procurar a comida que já não existe no seu habitat natural. Já a fotografia dos cães, captada por um investigador dinamarquês, revela o drama do degelo no Ártico.
Mas há uma terceira imagem a quem ninguém ficou indiferente: António Guterres na capa da "Time", com água até aos joelhos, num claro alerta para as alterações climáticas. As fotos dizem tudo. Estamos a afundar.
Parte do Mundo está mais sensível para as questões ambientais, é certo. As alterações climáticas entraram na agenda política, mas, em algumas, por mero oportunismo. Há pouca esperança. Pouca, quando Donald Trump ignora o tema na apresentação da sua recandidatura à presidência dos EUA.
Enquanto os maiores poluidores, como a China, os EUA, a Rússia e a Índia, não puserem o planeta acima dos seus interesses económicos, de que serve uma capa da "Time", um urso desesperado ou uma matilha de cães da neve a correr em água? De que serve este texto? De que serve desligar a torneira enquanto escovamos os dentes? De que servem todos os pequenos gestos que os pequeninos na escola já fazem para preservar o planeta? De que serve tudo isto?
Não precisamos de mais conselhos e campanhas de sensibilização, todos vemos e sabemos o que está a acontecer. Precisamos que as potências económicas queiram de facto fazer alguma coisa.
Gerd Leonhard, um futurista que estuda a relação entre a tecnologia e a humanidade, afirmou, recentemente, que "só quando o inferno chegar é que os humanos vão mudar". Por isso, do famoso e ficcionado "The winter is coming", passaremos para o "the hell is coming". E já não deve estar muito longe.