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Neste século XXI – em que os europeus enfrentam uma inédita mudança devido quer à diminuição da taxa de natalidade, quer ao aumento da esperança média de vida – reflectir sobre a relação entre a sociedade e a saúde ganha crescente pertinência.
Portugal, por exemplo, é um país envelhecido, podendo mesmo tornar-se a médio prazo – e a avaliar pelas estimativas da Comissão Europeia – um dos países mais envelhecidos da União Europeia. Para além de uma expectável diminuição da população portuguesa até 2050, espera-se que, a partir dessa data, Portugal registe uma das percentagens mais elevadas de idosos da União Europeia e uma das mais baixas de indivíduos com idades entre os 15 e os 64 anos.
Paradoxalmente, parece assistir-se no nosso país a uma quebra do pessoal médico que nos próximos anos se retirará para a reforma. Ora, neste contexto, a prioridade – quando se pensa no futuro da saúde em Portugal – não poderá deixar de passar por questionar se as novas gerações profissionais de saúde serão suficientes para assegurar os indispensáveis cuidados de saúde a uma população cada vez mais envelhecida.
Num momento em que urge identificar áreas de criação de emprego em Portugal e que sabemos que repensar o acervo de valências de apoio à terceira idade – quer a acamados, quer a dependentes que obriguem a cuidados especiais – é um assunto que não pode ser adiado, reforçar o número de profissionais de saúde (em especial ligados à geriatria e ao apoio a idosos) será, indubitavelmente, parte de uma resposta que a sociedade portuguesa exige e exigirá.
Por outro lado, a própria relação comunicacional entre sociedade e saúde obriga a uma mudança, devendo induzir a uma maior participação dos cidadãos. Desde logo, é preciso sensibilizar as pessoas para os benefícios da prevenção em saúde, nomeadamente através de campanhas públicas que promovam novas formas de relacionar cidadãos com a área da saúde e que incrementem a comunicação/informação aos utentes e clientes dos serviços médicos. Depois, será ainda imperioso assegurar maior “humanização” na assistência médica, quer a doentes internados quer aqueles que necessitem de apoio ao domicílio.
E só estas mudanças – que simultaneamente assegurem autonomia aos profissionais de saúde, mas ponham o utente à frente, uma vez que é o destinatário do seu esforço – podem fazer de Portugal um país moderno na área da saúde.