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Quero lá saber de quem é a culpa, se é da fação A, da fação B, ou da fação Y ao quadrado. A culpa não tem lados. A culpa é de todos nós, meras frações de seres humanos, massas acríticas e apáticas. A culpa é dos governos, preocupados em esmifrar a população para ver quantos mais milhões conseguem pôr nas mãos da indústria da guerra. Estou farto de análises, de justificações, de mapas, de contextos, de discussões estéreis e histéricas. Quero lá saber quem tem razão, se alguém tem razão, se ninguém tem razão, se alguma vez existiu razão. Não aprendemos nada, nada, nada. A infâmia repete-se e repete-se e repete-se. Cada fotografia de uma criança esfomeada, os ossos a rasgar a pele, o olhar perdido na desesperança, é um soco. E, no entanto, nunca ficamos KO. Havemos de perder por pontos. Todos.