Desde 1822, aprovada a Constituição do país, o Porto adoptou-a como ideário político. Pelos portuenses, que desencadearam a Revolução Liberal, seria defendida durante o Cerco Absolutista e mantida como vintismo, setembrismo e Patuleia.
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Porque a Constituição significava Democracia e imprensa livre, o Porto foi, durante duzentos anos, um viveiro de jornais e jornalismo. Contam-se por centenas, sendo o JN o sobrevivente de uma tradição empolgante.
Dela surgiu, em 30 de Janeiro de 1937, o “Sol Nascente”, "quinzenário de ciência, arte e crítica". Sediado na Rua do Paraíso, 36, o editor e proprietário era Dilermando Marinho e a Comissão Directiva Carlos Barroso, Lobão Vital e J. Soares Lopes. A sua proposta (uma lição para os tempos que correm), guiada por "um de-samor profundo às paixões e às cegueiras", orientar-se-ia "pela mais serena visão crítica nos problemas". Pretendendo "contribuir para o elevamento do nível cultural português", e "Sentindo o valor da serenidade, no mundo desvairado, apercebendo-se de quanto vale o auto-domínio (…) manterá uma feição de educativa análise dos valores e dos factos. Não se entregando de leve às apreciações infundamentadas e imprecisas (…)".
Segundo Luís Crespo de Andrade, o jornal representou a transição da cultura republicana e anarquista (que influenciava os círculos oposicionistas dos anos 30) para a orientação intelectual marxista, a impor-se com o neorrealismo. A utopia duraria três anos. Com a ascensão do nazi-fascismo e a Guerra Civil de Espanha como pano de fundo, o “Sol Nascente” apagou-se mas deixou marca indelével da época.