<p>Entrou na lenda, na TV, no cinema e na invenção. Foi a operação israelita, que, a partir de 1973, eliminou, por todo o Mundo, vários operacionais do movimento "Setembro Negro" e de outras facções da OLP, como retaliação à morte dos atletas de Munique. Ambiciosa e complicada, clandestina e paramilitar, chamada nalguns meios de "baioneta" ou "fúria divina", envolveu - alegadamente - elementos do "Instituto para Tarefas Especiais", ou Mossad, do Aman (serviços secretos militares), e de "parcerias público-privadas", como hoje se diz.</p>
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Os actos "cirúrgicos" dos comandos "Kidon" e "Cesareia" causaram "choque e espanto", e terão durado até 1993, em parte aproveitando a abertura tardia do "mundo socialista".
Sem discutir o sagrado dever/direito de um estado proteger os seus cidadãos, sobretudo se estiver isolado no contexto internacional, ou for alvo de uma agressão atípica, a "Operação Baioneta" causou polémica em Israel.
Apesar de ter desarticulado a organização palestiniana, pelo menos na capacidade desta para grandes actos, promoveu a pena de morte sem julgamento, causou danos colaterais, e pode ter incentivado outros actores, a Leste ou Oeste, a Norte ou Sul, a agir deste forma. Ou ter confirmado a bondade de actos anteriores de outros "executores" extrajudiciais.
Seja quem for que tenha eliminado o comandante do Hamas (incluindo grupos rivais), num movimentado hotel do Dubai, em Janeiro, regressam as perplexidades.
Por um lado, a milícia reinante em Gaza sabe que vive em guerra, submetendo-se aos riscos desta, e aumentando esses riscos com a alegação de tráfico de armas.
Já os estados da União Europeia - geralmente tolerantes para com Israel - apreciaram pouco o roubo e falsificação dos seus passaportes, numa altura de vigilância reforçada.
E nem acaba o Hamas, nem o problema político de fundo, nem a sua capacidade operacional. Por outro lado, os profissionais da morte podem ser tentados à contra-retaliação, por uma espécie de impulso machista, ou "questão de honra" (onde está)?
E, para ser mais cínico, como ensinavam aos jovens de Esparta (ou na "Missão Impossível"), pecado não é o roubo, mas sim ser apanhado a roubar.
Uma fonte do Dubai desmente-me que o Irão esteja a ajudar o inquérito. Mas diz que vai até ao fim.
Ora, no mundo de sombras, o que é, realmente, o "fim"?