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Num dia em que o ódio chegou de todos os cantos, dei por mim a saborear no cair da noite o que de bom a vida nos pode dar. Desculpem, leitores, mas esta pode ser uma forma de fazê-los sorrir no meio de más notícias. É primavera, já se sabe, como se sabe que com ela virão sons e cheiros que nos devem encher de esperança. Não há melhor do que ver as flores saltarem de botões, ouvir as cigarras no campo ao lado, ver uma criança a rir alto perante brincadeiras com os pais, cheirar relva cortada, sentir o afago de um filho no rosto, dar uma palavra de carinho a um vizinho que está só. Poesia pura, eu sei. Mas poderemos ter paz se não fecharmos os olhos para sorver o que há de bom e que é de graça? O quotidiano, um ditador na imposição de desgraças, fará da vida uma constante ferida aberta se não soubermos sorrir. Nem que seja por um segundo. Vamos a isso?
*Jornalista