Foi uma das decisões mais dolorosas no tempo de Passos Coelho e também a que mais mexeu com o orgulho das populações.
Estamos a falar da extinção de 1168 freguesias que desapareceram em 2013 com a chamada "lei Relvas". Daí para cá, o efeito prático desta decisão foi completamente inócuo, tendo em atenção que o primeiro objetivo era diminuir a despesa pública.
O que aconteceu? Nas grandes cidades, as juntas de freguesia tornaram-se megaestruturas em que muitos dos serviços se tornaram pesados e burocráticos. Nos meios mais pequenos, os habitantes nunca aceitaram a fusão por questões emocionais. Na passada sexta-feira, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, voltou a garantir que, em breve, irá apresentar uma proposta de lei que será o primeiro passo para trabalhar os critérios de desagregação ou fusão de freguesias, uma promessa que já vem com dois anos de atraso. Devido ao escasso tempo de execução, o novo mapa de freguesias, muito provavelmente, não estará concluído antes das eleições autárquicas do próximo ano, como seria intenção de António Costa.
A Associação Nacional das Freguesias (ANAFRE) por várias vezes demonstrou o seu descontentamento, principalmente porque, na anterior legislatura, o anteprojeto do ministro Eduardo Cabrita era bastante limitativo em termos de reversão. Ou seja, só as freguesias com mais 1150 eleitores e uma área superior a 2% do território do concelho é que poderia recuperar a autonomia. Contas feitas, apenas 268 das 1168 é que poderiam voltar à sua forma original. Não se sabe o que pretende Alexandra Leitão. Mas pelas declarações no Parlamento, não será muito diferente do que Cabrita apresentou: "não é possível reabrir todo o processo" e que só haverão "situações pontuais", disse a ministra. A ANAFRE é que, muito provavelmente não irá na cantiga.
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