Sustentabilidade: chavão ou motivação?
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Todos os dias somos confrontados com notícias ou eventos em que o foco é a sustentabilidade, em particular quando a indústria em questão é a têxtil. A popularização do termo “sustentabilidade” levanta uma questão pertinente: será que há uma saturação do discurso ou uma real preocupação com o futuro do planeta? Será que a sustentabilidade se tornou um chavão vazio ou continua a ser uma verdadeira fonte de motivação para ações concretas?
Para ajudar na resposta, atentemos ao número de artigos científicos publicados sobre o tema. No portal da Elsevier (https://www. sciencedirect.com/), uma das maiores editoras de artigos com revisão por pares, a pesquisa pelos termos “sustainability textile industry” revela que o número de publicações, incluindo artigos de revisão, passou de 1388 em 2014 para 9768 em 2024. Ou seja, numa década, o número de artigos científicos aumentou aproximadamente sete vezes, e cerca de 60% destes artigos reportam novos materiais e/ou novos processos tecnológicos em que o incremento da sustentabilidade é ambicionado.
A alavanca gerada pelos desenvolvimentos tecnológicos da última década, juntamente com novas métricas de práticas sustentáveis e a futura implementação do passaporte digital do produto têm sido fundamentais para a afirmação da sustentabilidade da indústria têxtil e do vestuário (ITV). Portugal, em particular, tem sido um exemplo motivador de práticas mais sustentáveis na ITV, e hoje não restam dúvidas de que a sustentabilidade no setor têxtil não é apenas uma questão de responsabilidade social e ambiental, mas também uma necessidade económica e uma oportunidade de inovação.
No entanto, e para que a sustentabilidade não se torne apenas um chavão, é fundamental adotar uma abordagem holística, envolvendo toda a cadeia de valor, bem como organizações governamentais e não governamentais, garantindo que a sustentabilidade resulte em ações concretas e significativas. A responsabilidade é de todos nós, e a motivação para a mudança começa com pequenas ações diárias que, somadas, podem gerar um impacto global positivo. E esta é a verdadeira motivação!