TALIS 2024 - a voz dos professores!
Os resultados do TALIS 2024 (Teaching and Learning International Survey - Pesquisa Internacional sobre Ensino e Aprendizagem) foram apresentados na passada semana, na sequência do maior inquérito internacional sobre professores (o anterior acontecera em 2018), que contou com a participação de 280 mil docentes de 17 mil escolas, de 55 sistemas de educação, tendo incidido nos ambientes de aprendizagem nas escolas e nas condições de trabalho dos docentes e diretores.
A indisciplina (o ruído e a desordem nas salas de aulas) continua a ser um problema grave para cerca de um terço dos respondentes portugueses, dos valores mais altos da OCDE, com uma média de 20%, perdendo-se atualmente mais tempo a manter a disciplina do que em 2018. O excesso de trabalho administrativo (79%) é também uma enorme barreira no dia a dia dos docentes nacionais, a par da responsabilidade pelo desempenho dos alunos (79%) e do número elevado de provas para corrigir (77%).
Por outro lado, os números referentes às "relações profissionais dos professores" evidenciam agradavelmente que há confiança uns nos outros (80%); 94% "concordam" ou "concordam totalmente" que o seu diretor confia na competência dos professores da sua escola (acima da média OCDE: 92%); 98% dos professores "concordam" ou "concordam absolutamente" que os alunos e os professores geralmente se dão bem uns com os outros (acima da média OCDE: 96%), e 51% dos pais e encarregados de educação "concordam" ou "concordam absolutamente" que, na sua escola, os professores são valorizados pelos pais e encarregados (valor inferior à média OCDE: 65%).
Apesar de os professores portugueses serem dos mais satisfeitos com o seu trabalho, 27% dos docentes jovens ponderam abandonar o ensino nos próximos 5 anos, o que não deixa de ser paradoxal, demandando uma especial atenção para com os profissionais mais novos, pois a sua motivação é essencial para a diminuição do constrangimento principal do nosso sistema educativo: a escassez de professores.
Muitos outros dados relevantes foram extraídos deste relatório, suportado no inquérito que se realiza a cada seis anos, que serve (e deve servir!) para oportunamente sustentar as medidas de política educativa mais adequadas a implementar por cada governo.
Faço votos que, ao nível da revisão do Estatuto de Carreira Docente, os resultados agora conhecidos possam ser úteis para a melhoria das condições de trabalho dos professores, cujo impacto se faça sentir no seu bem-estar.

